sábado, 11 de setembro de 2010

Amor e Apego

Entre as questões mais difíceis de se lidar na maternidade, está o desapego.
Desde que aquele ser passa a existir, ele existe primeiro em nós. No nosso desejo, no nosso espírito, no nosso corpo... Depois nosso peito, nossa cama, nosso colo... Devagar aquela pessoa que nos ensinou a amar de verdade vai ficando independente, crescendo, passando cada vez mais tempo distante e enfim passa a ter outros interesses.

Ser mãe é o fio da navalha entre o amor e o apego. Saber doar sem se apossar. Ser individual mesmo que metade daquela pessoinha seja biologicamente quase você.

Nossos filhos são espíritos livres. Não podem ser frutos de nossas expectativas. O que podemos fazer desde sempre é influenciar positivamente, passar bons valores e contaminar com nossos mais profundos ideais.

Sendo assim ficamos orgulhosas ao ver nossas meninas colocando suas bonecas para mamarem em seus seios ou o menino defendendo os direitos animais com lógica e paixão.

Muitas mães pecam por sofrerem a maternidade e não a viverem. As grandes lições do adoecimento dos filhos são o amadurecimento emocional e imunológico da criança, a reflexão e o cuidado maternos. Quando mais nos doamos tanto senão neste momento?

É preciso compreender as fases da maternidade e também da infância. Tudo deveria ser consciente e sereno. Mas insistimos em nos apegar e sofrer com os “atelogos” como se fossem adeus.

Aprender a deixar ir algo que faz tanto parte de nós não é simples, mas não deveria fazer sofrer tanto. Sempre aconteceu e sempre acontecerá. Nossos maridos mesmos tiveram que deixar seus apegos familiares para viverem suas vidas conosco. E não deixaram de serem filhos nem de amarem suas mães.

O amor muda, amadurece e até cresce. Ele não pode ser medido da maneira como bem entendemos, mas pela sua subjetividade. Não é moeda de troca, não é para se esperar recíprocas. Amar é a característica mais solitária da comunhão universal.

Então ame livremente. Porque quem ama, tem que deixar ir, tem que amar em paz.