quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Quem Serão Vocês?


Tantas e tantas vezes me pego olhando os rostinhos ainda tao infantis do Klauss e da Aglaia... E fico divagando sobre como serão suas feiçoes e quem serão em 20, 1o ou em 5 anos... Simplesmente não consigo ver nada claro, nada objetivo.

O que sei é ele reproduzirão muitas de minhas qualidades e de meus defeitos. Mas das minhas virtudes, que eles herdem minha paixão por ideais realmente relevantes e que tenham essa busca incessante pelo caminho certo.
E não pedirei muito mais...

Eu não posso imaginar seus rostos e saber quem serão, pois isto ainda não esta determinado. Tudo que posso é divagar. São eles que trarão seus traços físicos e suas personalidades... Só eles poderão escrever sua mais bela historia.

Sei que a Gaia quer ter vários filhos (“pela barriga não, mamãe”) e que o Kakau não deve conseguir segurar muito seus ímpetos de ser um ativista daqueles. Sei que serão maravilhosos e que muito depende do que eu conseguir passar. Mas não posso controlar tudo.

E eu... Eu estou aqui para o que der e vier. Para ser o exemplo, o apoio, para dar o meu melhor a eles e ao mundo.

Ainda falta muito para eu ser quem quero ser, mas que, como eu, eles não desistam de buscar o que realmente vale a pena nem de trabalhar permanentemente e sorrindo para vida.

Meu grande anseio é para que saibam dar valor ao que realmente é digno. Mas entenderei que no caminho há desvios muito sedutores que quase os farão se perder, como fizeram a mim. Mas que sejam passageiros e que eu consiga lhes dar o tom do que realmente faz sentido para que não precisem sofrer e chorar os rios que chorei.

Mas eles são muito melhores do que fui e sei - pelo menos isso eu sei! - que vão conseguir.

E será lindo ver seus corpos e seus rostos mudando a medida em que crescem e se transformam nos melhores seres humanos que puderem ser.

Vou amar fazer parte disso...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

3 Aninhos


Nem parece que já se foram 3 anos desde que tive minha menina em meus braços... Minha menina mais feminina e mais moleca... Que junto com seu irmão, me mostrou lições únicas de amor e amizade.

A maternidade é uma linha tênue entre o amor e o apego. Esta é a grande lição de ser mãe: amar o suficiente deixar de ser o centro do seu universo sem sufocar o alguém que colocou seu ego em segundo lugar.

Até engravidar da minha menina, há exatamente 3 anos e 39 semanas, acreditava que não poderia amar alguém tanto quanto amava meu Kakau. Mas quando ela veio sem pedir licença, me mostrou sem esforço que o amor não se divide, mas se multiplica.
Este foi o maior aprendizado que a Gaia me trouxe.

Agora que você esta na minha vida há 3 anos, não consigo me lembrar de como era tudo antes de você. Como você deu tanto sentido a minha vida sendo tão pequena e estando aqui há tão pouco tempo?...

Cometi muitos erros como mãe. Mas a os meus filhos dei meus maiores presentes: nascimentos respeitados, amamentação irrestrita, alimentação saudável livre de crueldade, a permissão carinhosa para que seus corpos trabalhassem naturalmente em momentos difíceis, minha dedicação à informação e conscientização da melhor forma de educá-los e, claro, meu amor mais defectível e mais perfeito.

Eu lhes ensinei tudo que sabia... Mas nunca chegarei aos pés da importância d que me ensinam a todo instante. Eu lhes valorizo como nunca valorizei ninguem, mas quando eles dizem “Eu quero só você, mamãe”, eu compreendo integralmente o que é valor.

É estranho como o caminho das pessoas é diferente. Vejo pessoas que não se imaginam mães, não compreendendo a função da maternidade na vida de uma mulher consciente. E eu era uma dessas pessoas que não entendia bem como se dedicar a duas ou três pessoas poderia ser mais relevante do que dedicar a si mesmo, ou, que seja, ao mundo. Mas cada um tem um caminho diferente e sou grata pelo meu ser este.

Parabéns, minha deusa pelos 3 anos que chegou ate nós...
Mas eu sei que o presente mais valioso, o de ser sua mãe, é meu.

sábado, 11 de setembro de 2010

Amor e Apego

Entre as questões mais difíceis de se lidar na maternidade, está o desapego.
Desde que aquele ser passa a existir, ele existe primeiro em nós. No nosso desejo, no nosso espírito, no nosso corpo... Depois nosso peito, nossa cama, nosso colo... Devagar aquela pessoa que nos ensinou a amar de verdade vai ficando independente, crescendo, passando cada vez mais tempo distante e enfim passa a ter outros interesses.

Ser mãe é o fio da navalha entre o amor e o apego. Saber doar sem se apossar. Ser individual mesmo que metade daquela pessoinha seja biologicamente quase você.

Nossos filhos são espíritos livres. Não podem ser frutos de nossas expectativas. O que podemos fazer desde sempre é influenciar positivamente, passar bons valores e contaminar com nossos mais profundos ideais.

Sendo assim ficamos orgulhosas ao ver nossas meninas colocando suas bonecas para mamarem em seus seios ou o menino defendendo os direitos animais com lógica e paixão.

Muitas mães pecam por sofrerem a maternidade e não a viverem. As grandes lições do adoecimento dos filhos são o amadurecimento emocional e imunológico da criança, a reflexão e o cuidado maternos. Quando mais nos doamos tanto senão neste momento?

É preciso compreender as fases da maternidade e também da infância. Tudo deveria ser consciente e sereno. Mas insistimos em nos apegar e sofrer com os “atelogos” como se fossem adeus.

Aprender a deixar ir algo que faz tanto parte de nós não é simples, mas não deveria fazer sofrer tanto. Sempre aconteceu e sempre acontecerá. Nossos maridos mesmos tiveram que deixar seus apegos familiares para viverem suas vidas conosco. E não deixaram de serem filhos nem de amarem suas mães.

O amor muda, amadurece e até cresce. Ele não pode ser medido da maneira como bem entendemos, mas pela sua subjetividade. Não é moeda de troca, não é para se esperar recíprocas. Amar é a característica mais solitária da comunhão universal.

Então ame livremente. Porque quem ama, tem que deixar ir, tem que amar em paz.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Timidez

Ter filhos e viver a vida de novo, só que olhando de fora.
No dia a dia, nunca fui tímida, mas em situações estressantes, me lembro de me recolher, as vezes chorar e ainda é assim.

Tenho uma foto do dia da minha primeira quadrilha onde apareço tomando um copo de refrigerante e chorando porque amarelei.
A foto demonstra toda minha agonia e decepção por não ter conseguido fazer o que tanto havia treinado para fazer.
Umas vezes consegui, outras vezes não.

Minha caçula não é nada tímida, a não ser em momentos de stress como eu. Não sei se realmente é timidez, mas até ter intimidade com o local ou com a situação, ela se recolhe.

Mas a demonstração mais clara da genética veio há dois dias através do meu clonezinho primogênito, em sua primeira quadrilha.

Quinze dias antes, ele começou o ensaio e não queria de jeito nenhum dançar. A menina, apesar de eu achar uma excelente nora, não lhe agradava e ele tinha vergonha demais. Eu e meu marido conversamos muito com ele. Explicamos que era um momento gostoso da vida que ele deixaria de viver se não participasse. Falamos do que sentíamos na idade dele e o apoiamos. Pedimos que ele desse uma chance, ele deu.

Mas na hora de dançar o menino, que estava lindo diga-se de passagem, travou. Não sorria, não se movimentava normalmente, não nos escutava, parecia estar em choque. Mesmo assim dançou com sua parceira desinibida e sorridente.

Quando terminou, por causa da copa, posaram para foto com uma bandeira do Brasil. E advinha onde estava o meu filhão em todas as fotos: atrás da bandeira! Claro! Eu tirei algumas fotos esperando que estivesse enxergando mal, mas tudo que dá pra ver dele são quatro dedinhos.

Não posso deixar de dizer que fiquei orgulhosa, que ele superou meu comportamento na mesma idade e que nossa conversa foi determinante para que ele conseguisse.

E é assim de desafio em desafio, que aprendemos a ser pais e a conquistar as pequenas vitórias que nos transformarão em grandes homens.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Kakau e o Bon Jovi

Toda vida gostei muito de rock. Na adolescência, aprendi inglês para entender o que diziam as canções.
E cada verso traduzido, me alegrava o coração de menina triste

Meu grupo favorito era o Guns N´Roses. Tinha certeza de que me casaria com Axl Rose aos 18 anos e a estas alturas estaríamos em LA vivendo de amor!

O tempo passou e algumas coisas ficaram. Ainda me arrepio com muitas musicas porque uma parte mais relevante da minha essência permaneceu: a paixão.

Eu gostava do Bon Jovi principalmente porque um amigo, o melhor amigo do mundo, era apaixonado. Hoje vejo que realmente Jon Bon Jovi é milhões de vezes melhor, em todos os sentidos, do que o Axl Rose.
Porque foi ele que ficou.

Nem percebia o quanto escutava Bon Jovi quando comecei a pegar o Kakau cantarolando Bed of Roses, uma de minhas favoritas. Fiquei muito feliz, porque pude perceber o quanto passo ao meu filho querido as minhas coisas e o quanto posso influenciá-lo positivamente em sua estrada.

Tentei dar-lhe desde o parto, o melhor de mim. Mesmo que não fosse o caminho mais fácil. No fundo, eu comecei a me preparar para a maternidade ainda muito menina.

Gosto de rock porque rock é intensidade, é vida, é sedutor, é apaixonante.

Tenho orgulho do Kakau ser tão avesso a tudo de errado como eu e de saber que não é só externamente que ele tem tanto de mim. Meu maior legado é a paixão. E não apenas pela musica... Mas também pelos ideais, pelo comportamento, pelo jeito de ver e viver a vida.

Me comove enxergar cada dia mais e mais coisas em comum.

Ter filhos é viver de novo. Mas desta vez como coadjuvante. Desta vez, podendo consertar o destino e dignificar a vida da pessoa que mais amamos no mundo.

Nunca esquecerei que este rapazinho foi a primeira pessoa que me ensinou, de verdade, a ser alguém melhor a cada dia. E que sempre posso ser mais.

Meu totoquinho... Escutando Bom Jovi...
Que orgulho!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ser Coerente ou Conveniente, Eis a Questão

De vez em sempre, surge a questão: “Como você faz com seus filhos se quiserem carne” ou “Você proíbe seus filhos de comerem carne?”
E agora vou responder oficialmente a estas questões.

Quando estamos imersos numa cultura, numa sociedade ou num meio funcionamos como um peixe que não consegue ver a água, já dizia Marsden Wagner. Não podemos criticar o que é normal demais e quem consegue, julgamos como radical e desertor, desvalorizando a pessoa para desconsiderar seu ideal.
“Aquele gayzinho do meu chefe não tem moral para me dizer como devo agir com o cliente”
“Apanha do marido e quer ensinar a educar filho dos outros...”
“Comeu carne a vida toda e agora quer ser vegetariana!”
E assim destruímos a moral para destruir a pessoa. Jogo baixo e sujo.

Meus filhos não comem animais, porque eu e meu marido sabemos e passamos a eles o valor da vida. Não há justificativa plausível em nosso cotidiano para nos alimentar da morte. Não passamos fome, não precisamos caçar, conhecemos todo o processo e somos conscientes. Isso deveria bastar.

Não há como educar filhos sem passar a eles nossos valores. Um evangélico não leva seu filho ao centro espírita só para que ele experimente outras crenças e vice versa. Não há como ensinar aos filhos o que consideramos antiético, cruel e irracional.

Nosso motivo é mais nobre ainda, pois não é somente a formação do caráter – que por si só já é muito importante -, mas também não queremos matar. Mesmo que socialmente isto seja perfeitamente aceito.

Nossos filhos não são proibidos de comer carne nem de nada. Nossos filhos são conscientizados. Nossos filhos têm conhecimento e ideais. Não é porque são diferentes que são menos importantes.

Sabendo – de preferência vendo - de onde vem a carne, dificilmente uma pessoa continua comendo. Eles querem saber, eles querem enxergar, então não se alimentar de animais mortos não é um desafio para eles.

Fazê-los comerem é que é uma grande violação, uma falta de respeito e de ética aquele que está criança, mas muitas vezes é um espírito muito mais evoluído e maduro que o nosso.

Aqui em casa não há mentira e não há excessos. Eles, à sua maturidade, sabem ou saberão o que significa cada um de seus atos, as conseqüências de seus comportamentos e como fazer um mundo melhor, começando a revolução a partir de si mesmos.

O que vejo é que as crianças “normais” é que são privadas da coisa mais sagrada: a verdade. Não sabem de onde vem o bifinho para não se chocarem, não sabem de onde nasceram para não pensarem em sexo, não escutam o “não” para não termos que explicar, não amam porque ninguém lhes ensinou o que é, de verdade, o amor.

Na nossa família, existe pedido de desculpa, existe porquê, existe saber esperar, existe o “dormir juntadinho”, existe as coisas como elas são e como elas devem ser.
Erramos e acertamos, mas existe muito amor.
E acertamos mais do que erramos...

Deixar de comer carne, não é o maior desafio.
O grande lance é conseguir enxergar uma realidade que quase ninguém quer para não abrir mão de um prazer... Ou de uma teimosia.

Se importar tanto com o que a maioria esmagadora das pessoas acha supérfluo tem um preço. Mas para mim, comer animais não é mais uma opção.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Amor Não Divide: Multiplica

Até engravidar pela segunda vez, eu tinha medo de não amar meu segundo filho como o primeiro. Afinal de contas, o Klauss havia passado comigo os momentos mais difíceis da minha vida, me ensinou a ser mãe, foi meu amigo, me fez sentir pela primeira vez o amor de verdade.

Não via como outra pessoa pudesse fazer tanto por mim, modificar tanto a minha vida quanto meu primeiro e, por tanto tempo, único filho.

Ainda assim, eu queria muito sentir novamente uma pessoinha mexendo dentro de mim. Queria e precisava não depositar todo meu amor e expectativa em uma única pessoa, o Klauss... Porque isso também lhe faria mal.

Então deixamos a Gaia vir. Não planejamos nem não planejamos. Nem evitamos nem deixamos de evitar completamente. E numa tarde de outono, numa cachoeira, descobrimos que ela, ainda tão minúscula, já morava em mim.

A gravidez foi bem diferente. Eu me sentia muito bonita e saudável e sabíamos que era uma menina, mesmo sem precisar saber.

O amor nasceu de maneira longa, lenta e natural, sem sofrimento. O Klauss me deu a maternidade e Aglaia me deu a feminilidade.
Nele, eu vejo meu melhor amigo, nela eu vejo a mim mesma.

Aprendi com meus filhos que não existe uma coisa mais importante que outra. Nem amor maior. Desde que minha menina nasceu, passei a amar mais ainda meu menino. E amei ainda mais o mundo por causa desse amor por eles.

Hoje compreendo melhor muitas coisas. Cresci milhões de anos luz nesses 8 anos em que sou mãe, mas a cada instante que passa aprendo mais.

Gosto de me sentir amada, mas pela primeira vez na vida, tenho prazer em simplesmente amar.

De fato, o que o Klauss fez em minha vida foi único. Mas eu ainda tinha muitas coisas para aprender e a Aglaia veio dar o que faltava e fez isso de maneira brilhante.

Talvez ainda esteja faltando alguém nas nossas vidas e, se estiver, descobrirei outras lições e sentimentos que ainda sequer sei o nome. Só que o principal aprendizado que a Aglaia me deixou me fera desta vez, mesmo antes de saber quem é este alguém, que o amor não se divide, mas se multiplica para que todos possam compartilhar o verdadeiro sentido da vida.