domingo, 31 de janeiro de 2010

Padecer no Paraíso

Conservadorismos aparte, a maternidade pode ser a felicidade no paraíso, a luz no fim do túnel, ao invés de sofrimento.

As mães talvez sempre tenham suas tristezas. Independente de darem seu melhor. Umas por trabalharem fora, outras por se dedicarem exclusivamente à maternidade e há ainda aquelas que acreditam que a maternidade freou suas vidas e lhes trouxe um destino cheio de limitações, privações e gastos.

É fácil compreender este conceito capitalista, principalmente durante a adolescência espiritual feminina.
O fato é que não precisamos deixar de viver para ter filhos e nem deixar os filhos para viver.

Partos longos, sofridos, amamentações dilacerantes, gravidezes doentias, casamentos conturbados podem ser legais de se contar, infelizmente. Assuntos ruins sugam atenção, ao passo que boas noticias são desvalorizadas.

Quando uma mãe tem seu parto sossegada, amamenta sem dor, é feliz profissionalmente e no casamento, pode até atrair inveja, mas prender atenção com esses assuntos jamais.

E isso é contraditório, porque se desejamos ser felizes, deveríamos copiar ou reinventar o modelo de felicidade, não se deixar atrair pelas coisas ruins da vida dos outros.

Isso também vale para a educação das crianças. Parece que mãe boa é aquela que sofre. Sofre por tudo, até pelo que não aconteceu. Que se antecipa ao perigo remoto, que segue os preconceitos da imperfeição da saúde da criança, que se excede em tecnologia sem prever as conseqüências, que se apóia no termômetro social para saber o que é certo e errado e que reproduz comportamentos irresponsáveis como bater no filho.

“Dói mais em mim do que em você...”
MENTIRA.

Ser mãe pode até ter sido um dia “padecer no paraíso”, mas pode também ser a felicidade mais inesperada e profunda que podemos ter. Pode ser “Se divertir no paraíso” ou “Morar permanentemente no paraíso”.
Depende do que estamos dispostos a ser.

No percurso, problemas podem acontecer. Nem todos os dias serão cor de rosa. Às vezes, a disciplina vai ser necessária e dizer não, é inevitável. Mas tudo depende de como colocamos em prática nossas teorias. Dizer “não” acompanhando de um porquê, deixar viver sem sufocar, deixar errar se esta for a única maneira de aprendizado.

Para quem opta por este caminho, a maternidade pelo menos trará um baita amadurecimento, uma vontade de viver, de lutar de ser uma pessoa melhor. Mas em alguns casos, ela trará ainda mais: felicidade plena, amor ao mundo, respeito a todas as coisas e o trabalho pelo mundo perfeito.

Klauss e Aglaia, vocês são os meus guias, meus parceiros num trabalho difícil e longo no caminho para o paraíso. Mas sem padecimento.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Por que não ceder


Já me conformei e não ligo mais para o fato de ser rotulada, às vezes xingada, de radical pela massa.
Simplesmente não é racional seguir a boiada irreflexiva que endeusa alguns e esquarteja outros que vão contra ao que é tradicional. Mesmo que seja uma maneira bem coerente de levar a vida.

Compreendo que, se desfazer do que se sabe, mesmo que construído através de medo mito e propaganda, seja um desafio que a grande maioria não quer pagar o preço e viver. Dá trabalho ser dependente, racional e não rumar para o confortável o fluxo do rio.

Pensar dá trabalho. Amar respeitosamente, se informar, aprender, ter atenção permanente dão muito, muito trabalho. Mas eu me disponho ter este trabalho. Não consigo ver como ser guiado por alguém possa ser melhor do que nossos próprios sentimentos, do que nossos conhecimentos e do que nossos instintos hipertrofiados de mãe que quer sempre o MELHOR para os filhos...

Não espero dentro desta sociedade algum reconhecimento. Meu mérito é estar criando filhos saudáveis, conscientes e preparados para enfrentar o mundo. E esta não é uma qualidade admirável, porque o diferente sempre assusta.

Ceder à razão é uma virtude. E não há vergonha em mudar de opinião, em amadurecer. Mas ceder à pressão é sinal de imaturidade e desconhecimento.

Há 5 anos, meu filho quase morreu por eu ter dado dipirona gotas para febre, com prescrição médica.
Na ocasião, a médica plantonista não perguntou se ele já havia tomado e, como todo mundo toma novalgina, eu dei ao meu bebê, na época com 2 anos e 2 meses.

Dias depois, ele continuava a piorar e levei a um pronto socorro de outra cidade para algum outro deus ver - no dia anterior, uma medica o examinou e diagnosticou a alergia, passando um antialérgico, sem resultado. Então contei novamente toda a história a outra médica que simplesmente ignorou o fato de eu dizer que meu filho era alérgico a dipirona e prescreveu dipirona intravenosa ao meu filho que não podia nem com gotas...

Percebemos antes que a enfermagem administrasse e arbitrariamente pedi a uma outra (a 4ª pediatra a essas alturas) que interviesse e ela suspendeu a medicação. Mas meu filho acabou tendo que ficar lá mais 2 dias. Realmente tecnologia usada de maneira equivocada, se resolve com tecnologia usada de maneira correta.

Refleti muito e entendi aquela situação desesperadora como um sinal. Daí em diante, não poderia simplesmente fazer o que todo mundo faz, porque quase ninguém pensa sobre essas coisas.

As coisas nunca são tão simples quanto parecem.
E se algum mal acontecer às minhas crianças, sou eu que vou me culpar por ter ido pela cabeça dos outros.

Então quando tenho meus dois pés atrás com alopatia, não é algo com que cismei, não é uma implicância gratuita. Eu fico perplexa em ver como ela se tornou banal e tenho medo de ser obrigada a praticar algo em que não acredito.
E não acredito porque estou atenta ao que a vida, a ciência que emerge, a natureza e a coerência estão me ensinando.

Não posso aconselhar ninguém a ser como sou, a apostar na natureza e na perfeição quase ao extremo, porque não sei o limite e a crença de cada um. Sei respeitar isso, até porque estou em minoria, mas a experiência não me permite mais ignorar.

Na vida, não existem garantias e o fato de nos apoiarmos na tecnologia – mesmo sem necessidade -, não nos trás essa garantia que tanto almejamos, mas sim um conforto, uma desculpabilização.

Ao invés de nos apoiarmos completamente no conhecimento de outros, deveríamos usar este conhecimento para nos orientar, não para dominar nossa vida, como se fosse uma religião.

É solitário, é demorado, às vezes sufocante. Em alguns momentos, fraquejamos. Mas depois que passa toda a angústia, posso dizer: não só curei, como também não fiz mal nenhum ao corpo perfeito do meu filho.

Me chame de estrangeira – essa é a mais recente!-, por eu fazer e pensar diferente, falem o que quiserem na frente ou pelas costas. É a saúde e a harmonia deles que me importa.

Cederei sempre que for necessário como já fiz e faço. Mas e você que não pensa assim? Está disposto a desconstruir o que sabe e ceder?

Liberdade é pensar por si.

“Enquanto todos praguejavam contra o frio, eu fiz a cama na varanda”.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Juramento da Mãe Mamífera Sapiens


Meu filho,

Prometo, desde o primeiro instante em que tiver a consciência de que vive dentro de mim, que será respeitado e logo profundamente amado.

Que terei a vida saudável que sempre quis ter durante a gravidez e depois para ser um bom exemplo para ti.

Que me informarei sobre tudo o que tenha a ver contigo para que a lógica me leve ao melhor cuidado para você.

Que vou te parir da maneira mais respeitosa, natural e em paz que eu puder. Por nós dois.

Que sonho em te amamentar e farei tudo o que puder para isto. Se doer, que encontremos juntos a melhor posição, o melhor jeito e que, mesmo que demore, vamos encontrar a melhor solução em tudo na vida.

Que contarei historias, brincarei contigo, reaprenderei a lição de casa ao teu lado, que me verei criança através dos seus olhos.

Que vou deixá-lo dormir comigo enquanto for seguro pra você e quando se arrepender de ser grande, poderá vir pra minha cama dormir agarradinho.

Que respeitarei seus processos fisiológicos mais angustiantes de mãos dadas e que não cederei a opiniões alheias só para me resguardar.

Que respeitarei seu tempo, sempre mostrando meu ponto de vista sem agredir seus ideais natos, te apoiando e estimulando para que seja o que é, com ética, coragem e sabedoria.

Que você será melhor do que fui e te ajudarei em cada passo.

Que meu amor é perfeito, mas se algum dia invadir seu espaço, me recolherei aos dois papéis que melhor seu fazer ser eu mesma e ser simplesmente sua mãe, sem cobranças.

Que vou velar teu sono e jamais saberás disso.

Que daria minha vida pela tua hesitar e que, ainda sim, minha dívida seria grande

Que mesmo que o mundo caia, lhe seria grata por tudo que me tornei por ti.

E que se eu não estiver contigo em corpo, eternamente estarei em pensamento e em espírito, porque eu desejei a sua vinda e porque você sempre será aquele bebê que saiu do meu útero para os meus braços.

Que me fez mulher.

De tudo, se eu ainda errar, peço humildemente que perdoe e que me ensine a ser uma pessoa melhor.
Porque, por você, eu posso.
Eu juro.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Febre


Ver um filho com febre não é nada fácil. O coração fica apertadinho, aquela alegria habitual simplesmente se desfaz. Dá saudade até da mau criação.

Sabendo as coisas que sei, a doença num filho se torna uma questão muito complicada.

Eu poderia simplesmente dar remédios alopáticos, fingindo que ignoro todos os efeitos colaterais, me resguardando assim socialmente de uma culpa, caso aconteça algo.

Ou eu posso investir no carinho, na homeopatia séria, no banho morno e na confiança de que o corpo deles é perfeito e que dificilmente precisarão da alopatia pesada para ficarem bem.

As duas escolhas têm seu preço.

Na primeira, a recuperação é verdadeira, mas é lenta e emocionalmente dispendiosa.
Na segunda, a melhora é rápida, mas também agressiva e não sabemos se a existiu cura ou somente uma melhora dos sintomas.

Uma amiga homeopata diz que a febre são nossos soldados em luta e dar antitérmicos, sem real necessidade, é o mesmo que estar em guerra e prender os próprios soldados na masmorra... Enquanto a guerra acontece.

Dentro dessa filosofia de vida e de cuidado, não existe espaço para um remédio, antes de tentar as alternativas naturais, que deram certo por toda história da humanidade.

Os efeitos colaterais dos alopáticos são tão graves que, se lermos a bula, não usaríamos. Então preferimos não lê-la! Que solução inteligente, não? Se não sabemos o mal que faz, então não faz mal! Simples assim.

Não. Faço questão de saber o que estou dando às crianças. Preciso da certeza de que estou lhes fazendo bem, ou pelo menos, mais bem do que mal.
(Beneficência e não-maleficência)

Não posso por pressão fazer o que acredito fazer mal a eles. Dou a melhor educação, a melhor visão de mundo, a melhor alimentação e também o melhor cuidado com a saúde que posso dar.

Me sentiria muito culpada sim, se um remédio que eu dei, e que eles tomaram por confiarem em mim, lhes prejudicasse.

Não é porque o mundo inteiro não quer ler bula nem raciocinar (“deixe o raciocínio para o médico”) que temos que fazer igual. Aliás, sempre suspeite do caminho que segue a maioria. Mas o preço por ser diferente - mesmo que o diferente seja o certo, isso não importa – é sempre alto demais e um atentado á boiada.

O profissional deve ser escolhido de acordo com nossos ideais e crenças. Não somos nós, as pessoas que mais queremos bem da criança, que devemos nos moldar a opinião quase pessoal de um ou outro profissional.

E é por este motivo que se tornou imprescindível nós, mães, nos informarmos sobre tudo. Jamais deveríamos parar de conhecer, de questionar, de crescer como pais para que nos sintamos realmente seguros que estamos fazendo o melhor, dentro do que realmente faz sentido.
Para ler mais sobre...
http://www.weleda.com.br/periodicos/junho05/pag4.asp
http://www.weleda.com.br/periodicos/junho05/pag5.asp
http://www.weleda.com.br/periodicos/junho05/pag6.asp

E Gaia, melhora logo vai...
Mamãe vai deixar você fazer bagunça em paz, juro...