domingo, 14 de dezembro de 2008

1 Aninho

Nem dá pra acreditar. Há um ano eu acordava com aquele barrigão sem imaginar o que aconteceria em poucas horas.

Não sabia seu sexo, senão pelo meu coração que teimava em anunciar. Não conhecia seu rosto, apesar de já saber que era perfeito. Compreendia que sua missão era humanitária, mas não sabia qual seria.

Hoje Você está aqui, instalada em nossas vidas. Ocupou todos os espaços e não sabemos mais viver sem ti. Te amamos um amor incondicional e livre.

Você completou um ano sem jamais ter nos preocupado, sem ter tomado qualquer medicamento, sem ter assistido os desenhos violentos da TV aberta, sem ter se viciado nas porcarias “inofensivamente” oferecidas aos bebês... Chegou ao final do seu primeiro aninho com um corpo lindo, livre de qualquer tipo de excesso e, portanto, cheia de saúde. Mamando muito no peito, onde permanecerá ainda por alguns anos... Dando os primeiros passinhos, sem pressa. Enquanto sua fase quadrúpede modela e fortalece seus ossos: sem andadores e sem pressões. Sempre respeitando o seu tempo. Se nutrindo naturalmente, sem jamais ter se alimentado do corpo de um animal. Vivendo plena e feliz, numa alegria contagiante... Sorrisos sóbrios inesperados... Só reclamando quando de saco muito cheio! Coçando a orelha esquerda como sinal clássico: hora de mimir.

Este é só o primeiro ano de uma vida inteira de conquistas e edificações. Tenho absoluta certeza de que você construirá um império de bondade e integridade. Em bases muito sólidas. Eu e seu papai estaremos aqui para te fortalecer e empolgar. E claro... Com os olhos brilhantes de orgulho ao te ver escalar sua;…/ já inegável bela trajetória.

Que suas mãozinhas só façam o bem, só escrevam coisas boas, acariciem e descubram o mundo maravilhoso em que vive, como tem feito agora. Que seu poderoso cérebro só sirva ao bem como foi até hoje e que em seus planos estejam salvar o planeta! Que se reconheça como parte dele, comprometida e necessária para a mudança.
E que de vez em quando você venha visitar sua amiga no sítio...

Você já é alguém. É um espírito maduro e alegre. Tenho orgulho de ter me escolhido como mãe e a nós como família. Amamos poder te proteger, educar e ajudar a amadurecer seus profundos ideais. Estou certa de que faremos um excelente trabalho juntos. Você e seus irmãos prometem!...
Ô minha Totôca... Eu te desejo uma vida muito intensa, produtiva, transformadora. Sei para o que veio e vou te ajudar, mas jamais perca a doçura... Ou esta beleza delicada, encantadora que jamais passa desapercebida.

Desde aquele dia, 9 de dezembro de 2007, de um parto intenso, no conforto e tranqüilidade de nosso lar, nosso ninho. Você veio suave, embalada por uma doce canção... Desde aquele momento, você foi amada, essencial e só trouxe felicidades para nossas vidas.

Há um ano você veio de dentro de mim para os meus braços e lá permaneceu: sem agulhas, pesagens, banhos, nada, senão carinho. Te respeitei desde o princípio, permitindo que viesse quando estivesse pronta, naturalmente. Você não só escolheu sua família, mas também a hora e a maneira de nascer. E veio em envolta de uma paz plena, que não poderia ter de outra forma.
Parabéns pelo seu primeiro ano. Ele é só o primeiro de uma morada neste mundo, cúmplices e unidos... Por afinidade e por amor.

Ser mãe

Ser mãe é a maior dádiva que uma mulher pode ter.

Aquelas que não desejam serem mães terão outras conquistas, outro tipo de cria.
Mas sinceramente, não consigo ver em outra experiência, maior riqueza de sentimentos e vivências que só a maternidade traz. E só pode dizer o contrário que não é mãe.

Ver essas coisinhas - que vêm pra gente tão pequenas – se desenvolvendo e ganhando o mundo é uma vitória particular. Nenhuma de minhas conquistas me trouxe mais orgulho do que o primeiro passinho de minha filha ou a primeira leitura do meu filho.

E eles são espertos demais. Enquanto estamos ocupados boquiabertos com sua inteligência, eles vão crescendo sorrateiramente. E quando percebemos, já se passaram semanas, meses, anos, décadas desde que, miudinhos, quando mal podiam abrir os olhos mamaram em nossos seios pela primeira vez.

Em nossa sociedade industrial, em série, tudo que toma tempo e romance demais é desprezado, visto como exagero, o que para mim cabe mais como desdém.
Mas não o legal de ser mãe é ser por inteiro.

Não sei de onde tiraram que um bebê, por exemplo, deve dormir em sua própria cama, de preferência em outro quarto. Imaginem bebês de poucos meses que acordam de madrugada, sem ninguém por perto, só escuridão... Até você choraria nessa situação. Um mundo incerto, solitário e preto. A criança não é manhosa, é só.

E outra coisa... Manha... Até de um bebê exige-se etiqueta. Não deve existir nada melhor para um bebê do que receber carinho. Carrinho, bercinho, chiqueirinho nem “inho” nenhum do mundo é melhor do que qualquer carinho – naturalmente colinho.

Nem vou me alongar muito na amamentação ao seio. Mas é necessário falar da amamentação seria, exclusiva. Não digo que seja fácil, mas é possível enquanto formos mamíferos. Vejo famílias que gastam aproximadamente 300,00 por mês com leites e formulas artificiais “infantis”, mas acharam caro pagar 50,00 por uma visita de especialista em amamentação. Assim como vi gastos além dos 5.000,00 com a decoração do quarto ou com cesáreas por opção – simplistas e nada críticas.

Mesmo quando os filhos não são planejados, sua educação deve ser.
Eu e meu marido raciocinamos sobre cada postura que tomaremos diante das crianças. Não hesitamos em pedir desculpas, porque todos erramos. Jamais insistimos no erro só porque somos pais. Aqui não existe “Porque sim!” nem “porque não!”, como foi conosco. Para tudo existe uma explicação coerente. E deixamos claro que também estamos aprendendo. Existe disciplina, molecagem e amizade.

Realmente posso dizer muito orgulhosamente que dentro da família que construí, tenho os melhores amigos da minha vida.

Tudo que há fora dela, é complemento, é passageiro.
A dedicação aos filhos retorna em amor, orgulho, valorização e cuidados deles com a gente. E por serem tão bons filhos, queremos ter outros filhos. A experiência foi ótima!

Seremos eternamente gratos pelo que somos, vivemos e aprendemos com esses nossos dois “totocos”...

Sou mãe, mas sou menina

Ainda hoje tenho sonhos de criança. Tenho lá meus devaneios meio clichês como um mundo sem guerras, sem ódios, preservação da natureza e banho de mar com chuva sem hora pra acabar.

Meu coração ainda bate mais forte quando chega dezembro e lembro com saudade dos amores “eternos” de verão que tive um dia. Bobagens de garota que me ajudaram a ser quem sou.

As melhores amigas já não são as melhores... E não fazem melhores como antigamente... Estão guardadas num lugar muito especial da memória que só nos sabemos onde fica. Sei me defender sozinha, mas um colinho de mãe de vez em quando ainda é bom.

Ainda ontem escrevia no diário e agora tenho um trabalho sério, responsabilidades que jamais imaginei assumir. Tenho uma casa e até filhos! Dois!

É difícil me enxergar como uma “mãe de família”, mas é o que sou. Sou enfermeira apaixonada por nascimentos, sou espontânea, genuína e sou meu melhor.
E também, sou mãe.

Pulo degraus, avalio possibilidades; brinco de casinha, decido conduta; balbucio palavras, determino, corro; curo, rolo no chão; adquiro segurança e dou poder: ajudo a viver!

Gosto muito de quem me tornei porque superei todas as expectativas da menina tímida do interior.

Amadureci com a maternidade, mas continuo moleca, bem-humorada, idealista impulsiva, cabeça nas nuvens e apaixonada.

Convivo com o complexo, mas gosto mesmo e do simples. E crio esta realidade descomplicada para mim.

Tenho sob minha tutela um diamante e uma pérola. Dois dos melhores presentes que tive por ser uma boa menina. E eles ajudam a manter viva a garotinha...

Duas jóias que deram à vida outro significado. Que me ensinam todo dia a ser mais feliz e a não deixar a peteca cair, ainda que as vezes pareça desesperadamente impossível. E se cair, por eles, vou me reerguer.

Em troca, só pedem meu amor e atenção. E sentimentos e posturas menos românticas como paciência, comida, brinquedos e passeios!

O fato é que transformam tudo em algo melhor.

Eu amo ser mãe desses dois. E também amo ser menina, porque isto nos aproxima.
Somos íntimos e realmente amigos, apesar da pouca idade. Os três juntos não somamos 40 anos! Mas já vivemos tanto...

Deixaria tudo por eles. É impossível perder a alegria com eles por perto.

Eles me fazem mais rica, mais cheia de vida e feliz. Com eles, para eles e por eles sou mãe e sou menina.