quarta-feira, 7 de abril de 2010

Cama Compartilhada


Mesmo antes de conhecer esta “terminologia”, aqui no meu microcosmos, minha pequena família já tinha esta prática tão genuinamente mamífera.

Os mamíferos têm sangue e coração quentes, independente do extremo frio. Ursídeos ou roedores não importa. Eles têm um comportamento claramente diferenciado de qualquer outro grupo de animais.
Por favor, não somos peixes que nascem independentes e desvinculados dos genitores...

Com essa de não precisar gestar/ parir/ amamentar/ educar para ser mãe (ou seja, parece que qualquer esmola basta), esquecemos de uma coisa sagrada: por mais deuses que sejamos, somos, antes de tudo, mamíferos.

Nada pode mudar isso. E toda vez que passamos por cima de qualquer instinto mamífero, brota no peito e na alma uma ferida que dificilmente se cura em apenas uma vida.

Dormir junto com os filhos é tão bom quanto dormir com os pais, lembra-se?

Desde pequenos, sentimos um grande prazer em dormir no meio dos pais, encolhidinhos, em segurança e em perfeita paz.

Que atire a primeira pedra aquele que não surgiu com um travesseiro e cara de medo no meio da noite, pedindo carente para deitar no cantinho deles.

Por conveniência/ egoísmo/ vaidade de uns ou por uma teoria mal explicada sobre psicologia barata - que retrata nada mais do que traumas próprios de infância não resolvidos – de outros, passamos a adotar práticas irracionais, fugindo completamente ao nosso instinto e ao nosso coração. Nos separamos das crias, desde o nascimento para que aprendam desde tão filhotes a sermos independentes.

Além do próprio indivíduo que quer espaço, quem precisa de berço?

Mas em parte alguma do universo, um bebê tem qualquer condição de se virar sozinho num quarto escuro. Mesmo cheio de bichinhos, móveis modernos e parede combinando. Começar imediatamente seu processo de independência forçado é incompatível com sua vida. E a partir daí nasce a idéia de que a vida não lhe será nada fácil, nada de abundância e nada de alicerce, nada de plenitude.

Um filhote humano só deixará de ser mínima e biologicamente dependente, após os 3 anos pra começo de conversa. Isto não depende do que você queira acreditar. Faz parte da famosa verdade universal que não precisa que ninguém acredite nela para ser.
Esta pseudo sabedoria capitalista não leva a nada.

Qualquer tentativa de desvínculo antes disso, terminará em trauma e frustração que permanecerão fincados naquele ser humano, limitando-o e tendendo-o a reproduzir aquele comportamento. Mesmo que ilógico, mesmo que absurdo.

Dormir com os filhos toda noite é gostoso, é racional, é humano, é espiritual, é natural e é mamífero.

Não. Eles não vão ficar perturbados mentalmente. Não serão grudados com você mais do que o saudável. Não se tornarão dependentes químicos por causa disso - ao contrário. Não terão mais problemas emocionais que os outros. Mas sim, serão íntimos, próximos, amigos.

Dormir com as crianças não é só dormir com as crianças. Assim como parir não é somente parir e como amamentar não é somente amamentar. Todas essas coisas trazem uma experiência incrível e um crescimento espiritual imensurável... Inatingível de outra forma.

Cada um que faça como lhe parece mais racional, mas que pense também na alegria das crianças...

Outras vivências trarão outras emoções. Mas qual é o grande lance de ser mãe se não for para mergulhar de cabeça e sentir cada peculiaridade da maternidade profundamente? Ser mãe pela metade, não vale a pena.

Seja inteira. Não se defenda.
Isto só incomoda quem pode ser melhor.
E sempre está em tempo.

Lembre-se de que você também foi uma criança indefesa e doida pra dormir com seus pais... Um dia.
Não se prive disso.
Não repita o erro cometido, sem querer, com você.

2 comentários:

Kalu disse...

Aqui em casa a cama compartilhada não funcionou. Meu marido tem um sono muito, mas muito leve. Sempre pratiquei cama compartilhada no quarto do meu filho. Eu dou de mamar, deixo ele dormir as primeiras horas na caminha dele (geralmente volto para trabalhar um pouquinho no inicio da noite - ele dorme entre 18h30 e 19h). Mas, quando ele chora, volto a dormir com ele. Algumas vezes volto para minha cama e em muitas outras fico por lá. E foi assim por 3 anos. Hj ele dorme a noite todinha, mas se acora, estou lá para dormir aninhadinha. Não há coisa mais mamífera, de fato.

Vivian Viel disse...

Oiii, adorei este post e.... sera que eu posso postar no meu blog??? Com os devidos creditos clarooo. Obrigada, aguardo resposta