Já me conformei e não ligo mais para o fato de ser rotulada, às vezes xingada, de radical pela massa.
Simplesmente não é racional seguir a boiada irreflexiva que endeusa alguns e esquarteja outros que vão contra ao que é tradicional. Mesmo que seja uma maneira bem coerente de levar a vida.
Compreendo que, se desfazer do que se sabe, mesmo que construído através de medo mito e propaganda, seja um desafio que a grande maioria não quer pagar o preço e viver. Dá trabalho ser dependente, racional e não rumar para o confortável o fluxo do rio.
Pensar dá trabalho. Amar respeitosamente, se informar, aprender, ter atenção permanente dão muito, muito trabalho. Mas eu me disponho ter este trabalho. Não consigo ver como ser guiado por alguém possa ser melhor do que nossos próprios sentimentos, do que nossos conhecimentos e do que nossos instintos hipertrofiados de mãe que quer sempre o MELHOR para os filhos...
Não espero dentro desta sociedade algum reconhecimento. Meu mérito é estar criando filhos saudáveis, conscientes e preparados para enfrentar o mundo. E esta não é uma qualidade admirável, porque o diferente sempre assusta.
Ceder à razão é uma virtude. E não há vergonha em mudar de opinião, em amadurecer. Mas ceder à pressão é sinal de imaturidade e desconhecimento.
Há 5 anos, meu filho quase morreu por eu ter dado dipirona gotas para febre, com prescrição médica.
Na ocasião, a médica plantonista não perguntou se ele já havia tomado e, como todo mundo toma novalgina, eu dei ao meu bebê, na época com 2 anos e 2 meses.
Dias depois, ele continuava a piorar e levei a um pronto socorro de outra cidade para algum outro deus ver - no dia anterior, uma medica o examinou e diagnosticou a alergia, passando um antialérgico, sem resultado. Então contei novamente toda a história a outra médica que simplesmente ignorou o fato de eu dizer que meu filho era alérgico a dipirona e prescreveu dipirona intravenosa ao meu filho que não podia nem com gotas...
Percebemos antes que a enfermagem administrasse e arbitrariamente pedi a uma outra (a 4ª pediatra a essas alturas) que interviesse e ela suspendeu a medicação. Mas meu filho acabou tendo que ficar lá mais 2 dias. Realmente tecnologia usada de maneira equivocada, se resolve com tecnologia usada de maneira correta.
Refleti muito e entendi aquela situação desesperadora como um sinal. Daí em diante, não poderia simplesmente fazer o que todo mundo faz, porque quase ninguém pensa sobre essas coisas.
As coisas nunca são tão simples quanto parecem.
E se algum mal acontecer às minhas crianças, sou eu que vou me culpar por ter ido pela cabeça dos outros.
Então quando tenho meus dois pés atrás com alopatia, não é algo com que cismei, não é uma implicância gratuita. Eu fico perplexa em ver como ela se tornou banal e tenho medo de ser obrigada a praticar algo em que não acredito.
E não acredito porque estou atenta ao que a vida, a ciência que emerge, a natureza e a coerência estão me ensinando.
Não posso aconselhar ninguém a ser como sou, a apostar na natureza e na perfeição quase ao extremo, porque não sei o limite e a crença de cada um. Sei respeitar isso, até porque estou em minoria, mas a experiência não me permite mais ignorar.
Na vida, não existem garantias e o fato de nos apoiarmos na tecnologia – mesmo sem necessidade -, não nos trás essa garantia que tanto almejamos, mas sim um conforto, uma desculpabilização.
Ao invés de nos apoiarmos completamente no conhecimento de outros, deveríamos usar este conhecimento para nos orientar, não para dominar nossa vida, como se fosse uma religião.
É solitário, é demorado, às vezes sufocante. Em alguns momentos, fraquejamos. Mas depois que passa toda a angústia, posso dizer: não só curei, como também não fiz mal nenhum ao corpo perfeito do meu filho.
Me chame de estrangeira – essa é a mais recente!-, por eu fazer e pensar diferente, falem o que quiserem na frente ou pelas costas. É a saúde e a harmonia deles que me importa.
Cederei sempre que for necessário como já fiz e faço. Mas e você que não pensa assim? Está disposto a desconstruir o que sabe e ceder?
Liberdade é pensar por si.
“Enquanto todos praguejavam contra o frio, eu fiz a cama na varanda”.
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