As mamíferas selvagens e radicais como nós, sempre acabam falando somente das coisas boas que a maternidade traz ou da dor que é ver um filho doente. Como se não houvesse outro problema, pirraça, hesitação ou desequilíbrio. Como se pintássemos um mundo cor de rosa que ninguém acredita que existe.
Existe um mundo cor de rosa, mas é claro que, em alguns momentos, há problemas no paraíso. E até mesmo esses acidentes de percurso têm sua importância no caminho de aprendizado de mãe e de filho. Até porque é a primeira vez que sou mãe e eles, filhos. Não sabemos tudo sobre nossa relação.
Estamos todos aprendemos.
A regra para que isso não se torne um caos é: se errar, tem que reconhecer, tem que pedir desculpas. Isso vale em todas as direções. Do Klauss para mim, do papai para a Aglaia, da Aglaia para o Klauss, de mim para o papai. Todos erramos e todos temos que consertar.
Uma outra coisa importante é toda vez que dizemos “Não”, deve existir uma razão explicada logo a seguir. Quando crianças, eu e o meu marido escutamos muito “Não porque não!”, o que é deprimente, ditador e emburrecedor. Desta forma, eles SEMPRE compreendem e, com o tempo, obedecem. Só é justo pedir uma coisa a eles, se souberem o motivo. Não estamos lidando com animais. E até eles aqui, neste sentido são respeitados. Imagine se não respeitaremos nossos filhos.
Não colorimos a realidade. Não florimos a verdade para obrigá-los a fazerem coisas ruins. Por isso, ao seu tempo, sabem que o bife no prato é um animal, que nasceram por onde nasceram sem grilos, as transformações pélas quais o planeta está passando, que na escola existem babacas como em qualquer outro lugar.
Mas as coisas boas superam de longe as coisas ruins.
E é por isso que falo mais delas. É por causa desses dois filhos, com todas as mazelas de ser mãe deles que desejo ser mãe novamente. É por eles que faço planos irrelatáveis aqui. É por eles, que não me ocorre voltar atrás e ter outra vida!
Me arrependo de muitas coisas. Mas de ser mãe, nem um segundo da minha vida.
Me arrependo de muitas coisas. Mas de ser mãe, nem um segundo da minha vida.
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